A Justiça Militar mandou prender preventivamente o sargento Bruno Rocha Prado, suspeito de estuprar uma jovem de 27 anos após insistir para dirigir o carro dela na saída de um bar, em Mineiros, no sudoeste do estado. O militar foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por atentado violento ao pudor.
Junto com o sargento, foi denunciado o cabo José dos Reis Gonçalves por deixar de praticar, indevidamente, "ato de ofício, para satisfazer interesse pessoal", segundo o Ministério Público.
O G1 não localizou as defesas do sargento Bruno Rocha Prado e do cabo José dos Reis Gonçalves até a publicação desta reportagem para se manifestarem. O processo corre em segredo de Justiça e a reportagem não conseguiu confirmar se os militares foram presos.
Segundo a denúncia, o sargento dirigiu o carro da mulher até a casa dela e forçou a entrada na residência. Em seguida, a levou para o quarto, retirou sua roupa íntima e praticou atos libidinosos.
De acordo com a denúncia, o sargento entregou a condução da viatura ao cabo, que não tem habilitação e ele aguardou a saída do colega do lado de fora da residência, por aproxidamente 10 minutos.
O sargento Bruno Rocha Prado foi denunciado por cinco crimes:
Artigo 233 do Código Penal Militar: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar, a praticar ou permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal;
Artigo 237: nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se o fato é praticado, inciso II por oficial, ou por militar em serviço;
Artigo 319: retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal;
Artigo 79: crime continuado (quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas);
Artigo 310: permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança, do Código de Trânsito Brasileiro.
Já o cabo sargento José dos Reis Gonçalves foi denunciado pelo artigo 319, do Código Penal Militar.
Segundo o MP, embora a mulher estivesse embriagada, o policial militar também não fez o registro da ocorrência. Ele apenas a repreendeu e se ofereceu para levá-la em casa.
No percurso até a casa dela, de acordo com a denúncia, ele se aproveitou de seu estado de fragilidade e acariciou suas pernas. A vítima afastou a mão do policial.
A mulher contou na denúncia que, após sair de um bar, dirigia com um copo de vidro com cerveja entre as pernas. O copo quebrou, e os cacos feriram a coxa e a mão esquerda. Foi quando parou o veículo para se limpar e o policial a abordou.
“Você não tem reação nem para se defender. Você fica pensando: 'O cara está armado. Se eu fizer alguma reação, me leva presa e fala que fui eu que agredi'. Você fica naquele pensamento todo o tempo. Não sabe o que faz”, desabafou a mulher.
Sem reação diante da atitude do policial e por medo, a mulher conta que obedeceu às ordens do militar de tirar a roupa e se deitar na cama. A denúncia relata que, neste momento, aconteceu o estupro.
Depois de o policial ir embora da residência, a mulher relata que ligou chorando para a mãe e uma irmã.
"Falei para ela: 'Mãe, eu estou com medo. Não posso denunciar, ele é um policial. Se ele fizer alguma coisa comigo?'. A gente fica com medo", contou.
A mãe, então, enviou um motorista de aplicativo para buscar a jovem. Depois, ela registrou a denúncia. Em seguida, passou por exames de corpo de delito.
"Quero justiça. A gente tenta confiar em um órgão que poderia estar nos protegendo ao invés de fazer mal. Estou tendo crises de ansiedade, antes eu não tinha", lamenta a mulher.